Mônica Barbosa

Mônica Barbosa é artista piauiense, e desde 2019 vive e mantém seu ateliê em São Paulo. Sua obra tem caráter autobiográfico, atravessada por memórias, deslocamentos e pela relação sensível com o território.

Sua produção entrelaça ancestralidade, imaginação e experiência vivida, criando narrativas visuais que emergem como rituais de escuta, cura e revelação. As paisagens, as texturas da terra e as cores tornam-se portais entre mundos visíveis e invisíveis, onde o gesto pictórico atua como instrumento de passagem e invocação.

A artista tem experienciado a vivência em diversas cidades do interior do Nordeste e atua no sertão junto a comunidades tradicionais. Essa convivência, impregnada de espiritualidade e mistério, revela-se como fonte de uma arte que transita entre o humano e o sagrado, entre a matéria e o invisível.

Atualmente, investiga a arte pré-histórica de sua terra natal, tomando os registros rupestres e as inscrições simbólicas do sertão como campos de mistério e possibilidades arqueológicas. Inspirada por esses vestígios milenares, Mônica transforma suas telas em superfícies de escavação, nas quais o gesto pictórico revela

camadas ocultas da memória e do tempo, abrindo portais para o diálogo entre o ancestral e o contemporâneo.

Sua pesquisa, que teve início em reflexões sobre acessibilidade, trânsito e territorialidade, expandiu-se para o campo do corpo, especialmente o corpo da mulher, em constante reconstrução e deslocamento. Nesse processo, o universo dos sonhos atravessa sua prática como uma dimensão simbólica e onírica, onde o inconsciente se manifesta em formas, cores e ritmos que evocam passagens entre o real e o invisível. O movimento, tanto geográfico quanto interior, tornou-se linguagem e destino: cada traço é travessia, cada cor, território em transformação.

Nos últimos anos, sua prática consolidou-se na pintura, um gesto ancestral de permanência, escuta e comunhão com o invisível. Sua poética habita o espaço entre o orgânico e o abstrato, o simbólico e o ritualístico, revelando uma linguagem de transgressão, liberdade e espiritualidade telúrica.

Em sua fase atual, Mônica se dedica a explorar as paisagens internas e espirituais, transformando a pintura em campo de escavação simbólica, um território onde os vestígios do passado ecoam como sinais de outros mundos. Suas obras habitam o limiar entre o tempo ancestral e o presente, entre o corpo e o espírito, onde o gesto pictórico se torna também gesto de reconexão, memória e transcendência.