Curadoria



Artistas Residentes



Retratos do Pina, 2023

Retratos do Pina, 2023
Instalação
Técnica mista sobre madeira
Dimensões variáveis


O retorno do Camurim, 2023

Fotografia analógica médio formato
Fuji Chrome com revelação cruzada C-41
Impressão em Canvas
60x60 cm
1/4 + P.A


Relatos


Nos habitamos durante pouco tempo como se cada uma e cada um de nós fosse um imenso, vasto e largo território a ser navegado, confluímos mares e praticamos o amor como potência maior de instauração de um bem viver. Desenraizamos e enraizamos, como nômades, em outro habitar, sem a cobiça e o desejo de colonizar o desconhecido. Por meio do nomadismo produzimos instabilidades em nossas certezas e nos deixamos livres para inusitadas experiências. […] A centralidade da proposta recaiu sobre a reflexão e o debate em relação ao território do Pina e seu entorno, chegando à Brasília Teimosa. Partimos desse ponto de inflexão na perspectiva de abrir a Christal Galeria para conversas com o território, na qual a mesma está localizada a aproximadamente dois anos.

As pessoas que fazem parte dessa comunidade também ressoam o território, sendo capazes de levá-lo para onde forem. Quando imaginamos um território pensamos também em suas demarcações, limites e fronteiras, a rigor organizadas por relações de poder. Um território, ademais de ser representado por mapas e plantas, possui modos e hábitos de vida que nos ajudam a identificá-lo e percebê-lo, muitas vezes com limites que não estão visíveis aos olhos. É preciso pertencimento.

O Pina e Brasília Teimosa são territórios com muitas histórias e memórias de resistências e lutas em torno da defesa do direito de permanecer no território – frente a especulação violenta dos grandes empreendedores imobiliários -, do direito à cidade, à moradia e ao trabalho na pesca. Essas histórias são entrelaçadas com as festas de rua, puxadas pela agremiação Tubarões do Pina e as festas religiosas – a festa de São Pedro, padroeiro dos que vivem no mar e porteiro dos céus, também considerado padroeiro desta comunidade -, se configurando como práticas de sociabilidade que mobilizam centenas de pessoas do território, unindo-as e fortalecendo o sentimento de pertencimento à essa comunidade imaginária e a esse lugar.

A residência artística Territórios Pina consistiu na proposta de reunir dois/as artistas de Pernambuco, um/a residente em Recife e outro/a que fosse oriundo do interior do estado, apostamos nesses possíveis olhares e vivências dispares que pudessem dar a ver espacialidades, paisagens e talvez modos de viver e habitar mundos [quase] distintos. A pesquisa foi desenvolvida com base no espaço geográfico onde a Christal Galeria se fixou, seus arredores, as vielas e ruas estreitas da comunidade do Bode, as avenidas movimentadas que correm ao largo com seus grandes edifícios, casas de moradores/as, seus comércios, os sons, ruídos, odores e muitos grafites, até chegar ao mar, onde nossos olhos perdem a noção da verticalidade da cidade e correm para serem acolhidos na linha do horizonte

Joana D’Arc Lima

Mitsy Queiroz

Artista visual, pesquisador Mestre em Artes Visuais e pedagogo, interessado no corpo a corpo com a fotografia e no mergulho em epistemologias e ontologias que se agitam à beira mar. Reflete em sua dissertação de mestrado o atravessamento do tempo em programações fotográficas que encarnam a experiência do corpo transgênero no mundo. E desde a condução metodológica do seu gesto fotográfico, tem pensado as temporalidades curvas, a percepção de corporalidades em transformação e os encantamentos de uma cosmologia da pesca, criando um imaginário das águas para a colônia de pescadores do Pina através dos seus símbolos, saberes tradicionais, conjunto de técnicas e da relação interespécie entre pescadores e peixes em parentesco.

Liz Santos

Liz Santos é artista visual e arte-educadora formada em licenciatura em Artes Visuais, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pesquisa narrativas visuais memorialista e arte-religião. Como artista, trabalha em diferentes linguagens como pintura, pequenas esculturas, retratos e bordado. Gosta de experimentar novas materialidades e processos. Como arte-educadora atua como docente na educação infantil e no ensino fundamental.


Joana D’Arc Lima

Pós Doutora em História pelo Programa de Pós Graduação em História da UFPE (2014-15) e pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - USP (2014-2019) – com pesquisas na História das Artes no Brasil com ênfase na relação arte e política na década de 1980. Atuou como docente colaboradora do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais UFPE/UFPB. Contemplada com o Prêmio Rumos Educação Cultura e Arte (edição 2008/2010), e com o Prêmio Funarte de Incentivo à Produção Crítica (2010), nos últimos anos vem atuando profissionalmente entre a educação e a cultura, como docente no ensino superior, consultora, pesquisadora, curadora de exposições e editora de produtos pedagógicos-culturais tais como vídeos, catálogos, livros e exposições de artes.
Atualmente é professora adjunta no Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasil. Áreas de interesse: Pesquisa em História da Artes no Brasil, Artes africanas e na Diáspora; História Cultural: Artistas, Museus e Intelectuais; Arte/educação e Mediação Cultural.